17 de janeiro de 2019

Energia Solar deve crescer 44% no Brasil em 2019

O Brasil deverá ter um salto de 44% na capacidade instalada de energia solar em 2019. Assim, levando o país à marca de 3,3 gigawatts (GW) da fonte em operação. Conforme projetou em entrevista à Reuters o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia.

O ano também deve marcar uma virada para o mercado solar brasileiro. Segundo a entidade, com a expansão puxada pela primeira vez pela chamada geração distribuída, em que placas solares em telhados ou terrenos geram energia. Logo, atendendo à demanda de casas ou de estabelecimentos comerciais e indústrias.

Os projetos de geração distribuída (GD) deverão acrescentar 628,5 megawatts (MW) em capacidade solar ao país, um crescimento de 125%, enquanto grandes usinas fotovoltaicas devem somar 383 MW até o final do ano, um avanço de 21%.

“É uma marca importante para a geração distribuída. Aquela visão do passado de que a GD é cara não se sustenta mais, ela se tornou uma opção acessível. Além disso, existem diversas linhas de financiamento. A GD está ganhando participação no mercado brasileiro”, disse o presidente da Absolar.

Entre 2017 e 2018, a geração distribuída já havia mostrado ritmo de expansão, com 172%, contra 86% nas grandes usinas. Porém, os projetos de GD, menores, adicionaram naquele período 317 MW, contra 828 MW dos empreendimentos de grande porte. Conforme viabilização após leilões de energia do governo.

Com a disparada das tarifas de energia no Brasil desde 2015 houve a redução nos custos de equipamentos fotovoltaicos. Assim, os investimentos em GD podem ser recuperados em um período de três a sete anos, de acordo com Sauaia.

A nova dinâmica é resultado também da recente crise financeira atravessada pelo Brasil, que reduziu a demanda por eletricidade e levou ao cancelamento de um leilão de contratação de usinas renováveis em 2016.

Previsão de expansão

Depois, em 2017 e 2018, as contratações de grandes usinas solares foram retomadas, mas os projetos viabilizados nos últimos leilões têm obrigação contratual de iniciar operação em 2021 e 2022, enquanto a geração distribuída tem continuado a crescer em ritmo acelerado.

“Com isso, esse ano de 2019, e até 2020, serão anos de enorme desafio para a geração centralizada… A Absolar recomenda que o novo governo estruture um planejamento previsível, com continuidade de contratação, para que o setor consiga se planejar”, disse Sauaia, acrescentando que o cancelamento de leilões em 2016 gerou enorme frustração em investidores.

A Absolar estima que a expansão da fonte neste ano deverá gerar investimentos totais de R$ 5,2 bilhões, com cerca de R$ 3 bilhões para a geração distribuída.

Apesar da forte expansão, a energia solar ainda tem presença incipiente na matriz elétrica do Brasil, dominada por grandes hidrelétricas. A fonte responde atualmente por cerca de 1% da capacidade instalada no país, de acordo com a Aneel.

O mercado solar brasileiro é liderado atualmente pela italiana Enel, que possui 703 MW em capacidade em usinas solares em operação no país, seguida pela francesa Engie, com 218 MW e pela Atlas Renewable Energy, da empresa de investimentos britânica Actis, com 174 MW, segundo dados da consultoria ePowerBay.

O ranking poderá ainda em breve ser liderado pela chinesa CGN Energy International, que está em processo de aquisição de 450 MW em usinas solares da Enel, em negócio anunciado na quarta-feira.

Conforme Época Negócios.



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