3 de julho de 2019

Energia solar ganha impulso após queda de preço em leilão

Após último leilão realizado na semana passada pelo governo, a energia solar pode ganhar um impulso extra no Brasil. Afinal, registrou o menor preço histórico para a contratação de novos projetos de geração distribuída.

As usinas solares apresentaram os menores preços na licitação da última sexta-feira, chegando a negociar a produção futura a 64,99 reais por megawatt-hora. Logo, registrou um valor (pela primeira vez) inferior ao praticado por empreendimentos eólicos e hídricos.

O preço, o mais baixo já visto para energia solar no Brasil, ainda ficou abaixo do valor de venda da produção da enorme hidrelétrica de Belo Monte. Pois, em 2010 negociou contratos a 87 reais por megawatt-hora, em valores históricos.

Apesar do imenso potencial do Brasil para a geração solar, a fonte ainda representa apenas 1,27% da matriz elétrica do país. Uma vez que, há uma longa história de predomínio da geração hidrelétrica, que responde por 60% da capacidade.

“Este leilão é um marco histórico em termos do preço da energia solar”, disse à Reuters o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-presidente da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim. “Sem dúvida, o baixo preço da solar centralizada indica que ela pode ter um papel maior na matriz elétrica”, acrescentou.

Leilão “atípico”

Tolmasquim ressaltou ainda, que o leilão foi “atípico”, com baixa demanda por energia em meio à lenta recuperação da economia. Aliás, o que aumentou a disputa entre investidores pelos contratos de longo prazo oferecidos aos vencedores da concorrência. “É claro…temos de saber se atingimos um novo patamar de preço ou se o resultado é fruto de uma situação conjuntural. Ou seja, onde há um forte desbalanceamento entre oferta e demanda”, disse.

Outro fator por trás da forte queda nos preços foi a estratégia dos vencedores. Enquanto deixaram em média 70% da energia dos projetos para ser vendida no chamado mercado livre de eletricidade. Assim, grandes consumidores podem negociar o suprimento diretamente com geradores e comercializadoras, disse o presidente da consultoria especializada PSR, Luiz Barroso.

Ainda assim, ele também destacou a forte competitividade das usinas fotovoltaicas.

A fonte deixou para trás no último certame o preço mais baixo já alcançado por projetos eólicos no Brasil. Saindo de 67 reais, em um leilão do ano passado, e ainda aproximou-se de um recorde histórico da energia hidrelétrica, de 58,36 reais, praticado pela usina Teles Pires em uma licitação em 2010. “A esse nível de preço, a solar confirma o seu esperado protagonismo”, disse Barroso, que também presidiu a EPE.

O consultor apontou, no entanto, que esse novo patamar significa também que o Brasil precisará avaliar como lidar com questões inerentes à geração solar. Por exemplo, sua variabilidade em função do clima. “Esse protagonismo fará com que o planejamento tenha que fatorar este resultado em suas análises, demandando mais preparação para lidar com a integração da fonte e seus impactos, como a intermitência”, explicou.

 

Conheça a NHS Solar.

Conforme informações da Exame.



Temas recentes