22 de janeiro de 2018

Esqueça petróleo: Sauditas miram energia renovável na Am. Latina

A Abdul Latif Jameel, um grupo industrial da Arábia Saudita envolvido em todo tipo de negócio, de importações de automóveis a imóveis, está voltando as atenções para o mercado de energia limpa da América Latina.

A empresa está se concentrando em leilões organizados por governos, nos quais produtoras de energia disputam contratos de fornecimento de longo prazo, segundo Roberto de Diego Arozamena, CEO da unidade de energia da Abdul Latif Jameel. México, Chile e Peru oferecem forte potencial de crescimento em energias renováveis e os governos da região estão cortejando investidores internacionais para ajudar a diversificar a matriz elétrica.

A empresa saudita adquiriu em 2015 a desenvolvedora solar espanhola Fotowatio Renewable Ventures, que veio com cerca de 3,8 gigawatts em projetos em mercados solares emergentes, incluindo Oriente Médio, Austrália, África e América Latina. A Abdul Latif Jameel Energy desenvolve atualmente cerca de 5 gigawatts em projetos de energia renovável em todo o mundo, 30 por cento deles na América Latina.

“A América Latina é um mercado importante, em que os custos das energias renováveis estão em queda e os governos dão apoio ao setor”, disse Arozamena, em entrevista por telefone, de Dubai. “Estamos ansiosos para crescer na região.”

O impulso da empresa saudita no setor de energias renováveis surge no momento em que o reino busca cumprir a meta definida em 2016 de produzir 70 por cento de sua energia a partir do gás natural e 30 por cento de fontes renováveis e outras fontes até 2030. A Arábia Saudita, maior produtora da Opep, está entre as exportadoras de petróleo que enfrentam déficits orçamentários após o declínio dos preços da commodity.

O gás e o petróleo geraram toda a energia do país em 2015, segundo a Bloomberg New Energy Finance. O governo agora está desenvolvendo um programa para oferecer subsídios para a energia solar gerada por pequenas plantas, como os telhados de residências, e no ano passado um leilão realizado como parte do Programa Nacional de Energia Renovável do país ganhou manchetes pela oferta mínima recorde por energia solar — US$ 17,9 por megawatt-hora.

Os investimentos no mercado de energia limpa da América Latina subiram 65 por cento no ano passado, para US$ 17,2 bilhões, muito acima da média global de 3 por cento, segundo a Bloomberg New Energy Finance. O aumento contrasta com o declínio de 26 por cento na Europa e com o crescimento de menos de 1 por cento nos EUA.

A rápida expansão dos projetos de energia limpa no México colocou o país lado a lado com o Brasil, o líder regional na corrida por investimentos. O investimento no México mais do que sextuplicou no ano passado, para US$ 6,17 bilhões, em meio aos esforços do governo para abrir os mercados de energia, gás e petróleo do país, o que estimulou a concorrência após décadas de monopólio estatal.

A Abdul Latif Jameel Energy afirmou na terça-feira que garantiu financiamento para o início da construção de um projeto solar de 342 megawatts no México neste ano, seu primeiro no país. No Chile, a empresa ganhou contratos para construir um projeto híbrido que abastecerá cerca de 224.000 residências chilenas com 100 megawatts de capacidade solar e 100 megawatts de energia eólica.

A empresa está cautelosa em relação ao Brasil, devido à flutuação do câmbio e à falta de contratos denominados em dólares, e com relação à Argentina, que ainda é vista como arriscada, disse Arozamena.

“Temos projetos sólidos na América Latina e nos concentraremos em energias solar e eólica”, disse Arozamena.

 

Fonte: UOL Economia



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