16 de julho de 2018

Pesquisador brasileiro desenvolve fogão movido a Energia Solar

Estimulado pelo alto preço do botijão de gás, um pesquisador brasileiro desenvolveu um modelo de fogão movido a energia solar. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o valor médio de um botijão no Brasil em junho foi de R$ 68,77.  Seja como for, tudo indica que essa conta ficará ainda mais cara, com aumento de preços já divulgados pelas refinarias.

No entanto, o paraibano Luiz Guilherme Meira de Souza, coordenador do curso de Engenharia Mecânica da UFRN desenvolveu uma alternativa. Aliás, uma alternativa que envolve um recurso natural especialmente abundante no Brasil: A luz solar.  Luiz Guilherme pesquisa sobre energia solar há 30 anos e já ajudou a projetar dezenas de fornos e fogões solares. “Eu construí meu primeiro fogão solar em 1986 na UFRN, quando vim para Natal. Isso depois de me formar na UFPB, uma das referências no estudo de energia solar junto com a Unicamp”, afirma.  É natural que ao ouvirmos falar de um projeto novo surjam dúvidas sobre a sua viabilidade e, principalmente, funcionalidade.  Portanto, seus estudos – e também de alunos formados pela UFRN – levam isso em consideração.

“O fogão solar em si não é criação minha, mas eu comecei a usar novos materiais e especificações para a parábola de maneira a torná-lo competitivo em relação ao desempenho do fogão a gás”.

Luz concentrada

O princípio de funcionamento do fogão solar envolve parábolas reflexivas capazes de concentrar a radiação do sol. Com foco direcionado ao que seriam as “bocas” de um fogão convencional. O pesquisador brasileiro explica que cálculos determinam o formato e o posicionamento da parábola. Em seguida, é feito um molde de areia ou cimento, que dará forma à base da parábola. Os materiais utilizados para a base da parábola podem variar bastante. Podendo ser fibra de vidro, resina, entre outros. Uma vez moldada, a parte de dentro é revestida de pedaços de espelhos, que podem ser obtidos de sucata. Cada “boca” do fogão tem mais de uma parábola e todas elas são responsáveis por concentrar a radiação solar. “Se usássemos apenas um foco solar, o desempenho não seria tão bom quanto o de um fogão a gás”.

No caso do forno, as “prateleiras” de um dispositivo comum são substituídas por caixas pretas, onde as formas ficam alocadas. Também há refletores em sua base, o que ajuda a criar um efeito estufa”. Já criamos versões capazes de assar oito bolos de uma vez”, conta.

Solução viável

Um aparelho do tipo, certamente seria utilizado no exterior das casas. “Não daria para usar na chuva, por exemplo. Mas em regiões como o Nordeste, que tem um clima mais ensolarada e quente, ele seria totalmente viável. Nós da universidade usamos frequentemente para cozinhar diversos pratos”. Luiz Guilherme também vê esses aparelhos sendo usados como ferramente para complemento de renda.  “Um forno capaz de assar oito ou nove bolos ao mesmo tempo, sem gasto com energia e sem poluição, poderia ser de grande ajuda para quem vende bolos, por exemplo”.

O pesquisador brasileiro estima que um forno solar custaria em torno de R$ 300,00. Contudo um fogão convencional custa por volta dos R$ 700,00. Há porém, um detalhe: “Esses valores valem para a fabricação artesanal e poderiam cair drasticamente se fossem produzidos e massa. Para esses projetos saírem dos laboratórios das universidades, Luiz Guilherme afirma que a participação do poder público seria essencial. “Seria interessante que esse assunto fosse tratado como política pública, nem que fosse para ensinar construir os fornos e fogões. São criações capazes de ajudar as pessoas mais pobres. Infelizmente falta vontade política.”

“Nas palestras que dou, eu sempre conclamo o poder público e líderes comunitários a entrarem em contato para que a gente possa difundir essas tecnologias. Seria uma solução para pessoas de baixo poder aquisitivo não apenas para economizarem, mas também poderem gerar renda”.

Infelizmente até o momento não há qualquer iniciativa nesse sentido. Isso, porém, não desanima Luiz Guilherme, que continua suas pesquisas e faz o que é possível. “Torço que um dia não só esses fornos e fogões, mas também outras soluções pensadas em todo país para ajudar a população sejam utilizadas na prática.”

 

As informações são do UOL Noticias.

 



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