17 de dezembro de 2018

Energia Solar leva qualidade de vida a comunidades no sul do Amazonas

Desde que a energia solar começou a ser gerada em Lábrea, no sul do Amazonas, cerca de mil famílias de extrativistas que vivem em torno do município vêm tendo mais acesso à saúde e educação. Além disso, há novos meios alternativos de produção econômica. Assim, a história dos moradores das comunidades amazônicas beneficiadas pelo acesso à energia limpa foi compartilhada. Conforme a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 24), realizada nesta semana em Katowice, na Polônia.

A região é uma das mais carentes do país e não oferece energia barata para todas as comunidades. De acordo com relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), pelo menos 1 bilhão de pessoas ainda não têm acesso à eletricidade no mundo. Logo, são 1 milhão de pessoas que vivem no Brasil, principalmente na Amazônia.

A renda média dos extrativistas do Médio Purus é de R$ 465 por mês, segundo o ICMBio. Se a energia fosse gerada por diesel ou gasolina, seriam consumidos pelo menos R$ 450 da renda mensal das famílias por apenas três horas de funcionamento do gerador por dia. Só nas escolas, seriam gastos mais de R$ 25 por dia para cada quatro horas de aula. Conforme período em que o gerador consome um litro de gasolina.

COP 24

Nos vídeos exibidos durante a COP 24, os moradores destacam que o dinheiro que seria gasto com o combustível pode suprir outras necessidades. Desde a instalação dos painéis, as famílias tem conseguido produzir gelo para refrigerar produtos. Desde açaí, castanha, borracha, óleos vegetais, frutas regionais e algumas espécies de peixes para comercialização.

Conforme dados divulgados pela organização, mostram que um sistema solar de 0,8KW na Amazônia gera, em média, 4 kwh por dia. Ou seja, 1.460 Kwh em um ano. Esse volume evita a queima de 489 litros de diesel. Além disso, evita a emissão de pelo menos 1.300 quilos de dióxido de carbono na atmosfera.

O sistema de energia solar possibilitou também a instalação de uma bomba hidráulica. Logo, possibilitando a produção de alimentos como mandioca e para abastecimento das residências. Antes, quase 90% das pessoas da Reserva Extrativista Médio Purus precisava caminhar até o rio para buscar água em baldes. A coleta da água sem filtragem também provocava doenças, como diarreia.

Combate ao desmatamento

A geração de energia fotovoltaica também tem contribuído para o monitoramento de algumas espécies de tartarugas. Enquanto ajuda no combate ao desmatamento ilegal. Como os ribeirinhos têm conseguido se manter na área para extração sustentável dos produtos da biodiversidade, eles contribuem para a proteção das florestas e, assim, para o aumento da capacidade de absorção de carbono da atmosfera.

“As mudanças climáticas relacionadas ao desmatamento e à degradação do bioma potencializam muito mais os efeitos para uma população que depende dos recursos naturais para sobreviver. E a Amazônia é fundamental para o regime de chuvas do Centro-Oeste, por exemplo. Então, é importante saber que tudo está conectado. Conservando a floresta e promovendo o desenvolvimento sustentável, estamos contribuindo também com o bem-estar das pessoas em todo o país”, acrescentou.

Desafios

Afinal, um dos principais desafios nessa área é ampliar o uso de energia limpa para outras comunidades. Na fronteira do Acre com o Peru, por exemplo, uma organização ambiental alemã tem trabalhado com comunidades que vivem ao longo do Rio Juruá. “É um absurdo eles terem que levar diesel para lá para gerar energia. Diesel é um produto caro, e o investimento em energia solar seria inicialmente alto, mas é sustentável. Assim, em uma visão de anos, consegue-se economizar o dinheiro que se investe agora no diesel”, comentou a antropóloga Eliane Fernandes Ferreira.

Em parceria com a Universidade de Hamburgo, na Alemanha, Eliane trabalha atualmente em uma pesquisa sobre povos ameaçados da Amazônia.O foco está na cidade de Marechal Thaumaturgo, no Acre, onde muitas famílias transportam diesel pelo Rio Juruá para ter acesso à energia.

Na reserva extrativista do Alto Juruá, as comunidades tem energia só quatro horas por dia, e é difícil para as famílias conservar alimentos e remédios e ter acesso à informação.

“A energia fotovoltaica é a melhor solução porque abrange vários campos onde a sociedade só vai ter a ganhar. Se a gente fala de desenvolvimento sustentável consciente, tem que lutar pela geração desse tipo de energia, sobretudo na floresta. Isso deveria ser prioridade de governo”, enfatizou Eliane.

 

Conforme informações da Agência Brasil.



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